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A área de Recursos Humanos foi uma das mais transformadas com a pandemia do covid-19. Ao lado de Tecnologia e Finanças, o RH esteve na liderança da adaptação das novas condições de trabalho. 2020 foi um ano em que muitos desafios e projetos que já estavam na esteira do RH ganhassem mais força e urgência, como a atuação estratégica e a transformação digital.
“Existe um profissional de RH antes e outro depois da pandemia. Grande parte das empresas passou, e ainda está passando, por momentos desafiadores e o RH teve que liderar fóruns que nunca havia participado antes”, conta Sergio Margosian, Gerente de Recrutamento especializado em RH na Michael Page, que indica neste artigo quais são os desafios para o próximo ano, o que é esperado dos profissionais de Recursos Humanos e os cargos e setores em alta.
Nem todos os profissionais e empresas tinham experiência com crises anteriores na magnitude desta de 2020 ou com situações complexas que exigiram agir fora do que estava planejado. A pandemia ensinou que o profissional de RH deve ter competências de gerenciamento de crise, comunicação, adaptabilidade, visão de futuro e conhecimento do negócio. "Estar próximo do business, saber se comunicar com os stakeholders tanto internos quanto externos e ser flexível para atuar com plano A, B e C é decisivo”, destaca Sergio.
Digitalização, inovação e tecnologia são importantes mudanças para a área. O RH precisou mergulhar nisso e desenhar planos que viabilizassem rapidamente uma transformação, do zero no caso de algumas empresas, ou que agilizassem projetos em stand-by. O RH não é exatamente o pioneiro em tecnologia dentro da empresa, costuma reagir à ela conforme as demandas de outras áreas. Porém, o mercado está esperando que o profissional de recursos humanos tenha esse olhar para a tecnologia em tudo: atração, admissão, integração, treinamento, preparo da liderança e mudança da cultura organizacional.
“Não é simplesmente implantar uma ferramenta na empresa, mas fazer com que as pessoas usem, transformando-a em uma empresa digital de fato”, explica. Já existem grandes provedores, operadoras de serviços digitais e HRTechs para toda a cadeira de recursos humanos com ferramentas, plataformas e sistemas para atender as necessidades da área permanentemente.
Como equipes e departamentos de toda empresa foram impactados com a pandemia e suas transformações, muitos colaboradores e líderes tiveram que se capacitar e aprimorar as habilidades. O RH teve que responder a essa demanda com novas e melhores ações de treinamento e desenvolvimento, revendo seus programas e trilhas de aprendizagem que atendessem melhor. “Para fazer isso, todos de T&D devem conhecer muito bem o negócio, o cliente, ter visão de market share, concorrência, lucro… só fazendo essa análise para entregar a capacitação que os profissionais precisam”, conta.
Com custos apertados, lucro reduzido e demanda por equipes de alta performance, o papel do Business Partner será fundamental para atrair os talentos certos para os times, tornar a experiência do cliente interno melhor em todos os processos transacionais, atuar próximo à liderança, oferecer ações de desenvolvimento de pessoas baseadas nas motivações dos profissionais e necessidades do negócio, além de dar respostas rápidas aos desdobramentos que virão. “Tem muita empresa que ainda está apagando incêndio, mas vai precisar planejar melhor seus processos para ganhar maturidade e não perder competitividade”, alerta Sergio.
Com crise ou sem crise, os profissionais devem ter mindset de crescimento sempre. Devem ser capazes de identificar gaps e se desenvolverem enquanto indivíduos e time. “A empresa é feita de pessoas. Pessoas com esse mindset vão prosperar. Logo, as empresas também”, reflete. Para quem ficou desempregado em 2020 ou trabalhou em uma empresa sem tecnologia, a dica é mostrar o que estudou ou como encontrou alternativas para se sair melhor. Demonstrar o que aprendeu com projetos que não deram certo também tem muito valor.
Todos os profissionais estão sujeitos a um cenário de futuro incerto com maior complexidade. Por isso, ser protagonista da sua própria carreira é o que vai fazer a diferença. “Independentemente dos fatores externos como crise, política, economia e decisões da empresa, o planejamento da carreira é responsabilidade do próprio profissional. Com mais complexidade no mercado, o planejamento tem que ser ainda maior”, sugere Sergio.
Seja porque a empresa reduziu ou aumentou, mudou sua cultura organizacional ou a lista de competências técnicas, o profissional de Recursos Humanos vai ter que estar afiado em todas as linhas de atuação. Estarão em alta posições de Recrutamento & Seleção, Treinamento & Desenvolvimento e de Business Partner. Além disso, o Head de RH será muito importante para liderar todas essas frentes. Os setores com maior procura são tecnologia e healthcare por estarem com alta demanda em seus respectivos mercados.
Além do trabalho remoto ou modelo híbrido que se manterão, já havia uma tendência do mercado antes da pandemia de compor a remuneração baseada em retorno financeiro por resultado. Isso implica em tornar a parcela fixa do salário menor e aumentar a remuneração variável sobre a produtividade. Outros benefícios que entraram na lista em 2020 e poderão se manter são subsídio do pacote de internet residencial, a troca do Vale Refeição pelo Vale Alimentação, auxílio com terapia online e outros benefícios de bem-estar.