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O agronegócio passa por uma transformação sem precedentes com tendências que afetarão todo o ecossistema alimentar e as relações de negócio do mundo. O Brasil, que foi importador de alimentos na década de 60, tornou-se um dos maiores exportadores da atualidade. De cada 4 produtos do agronegócio em circulação global, 1 é brasileiro. Além do desafio de alimentar 9 bilhões de pessoas no planeta até 2050 enfrentando mudanças e impactos que estão à frente, o setor é um dos que mais tem lutado pela diversidade de gênero.
É comprovado que empresas que adotam medidas para promover a diversidade tendem a superar outras em inovação, rentabilidade, atração e retenção de talentos. O estudo Diversity Matters - América Latina, publicado pela McKinsey em julho deste ano, aponta que empresas com diversidade de gênero em suas equipes executivas têm 14% mais probabilidade de superar a performance financeira de seus pares e, as que são percebidas pelos funcionários como tendo diversidade de gênero, têm probabilidade 93% maior.
“Mulheres têm menos acesso a crédito, tecnologia, mecanização, assistência técnica, recursos produtivos e cooperativismo. O que isso representa é potencial econômico perdido”, destacou Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias, Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, no lançamento da 5ª edição da Campanha Mulheres Rurais, Mulheres com Direitos no Palácio do Planalto, em julho deste ano. Segundo a ministra, apesar das mulheres dirigirem cerca de 20% dos estabelecimentos rurais no Brasil, a área desses estabelecimentos equivale a apenas 8,5% da área rural total do território brasileiro.
"Neste mundo ainda tão masculino precisamos evidenciar o papel das mulheres do campo na transformação da nossa sociedade. Queremos ver mais mulheres administrando fazendas, dirigindo tratores, chefiando cooperativas, pescando, plantando e colhendo… mais mulheres se beneficiando da pujança do agro brasileiro. Empoderar as mulheres rurais é, portanto, promover o crescimento e a produtividade da agricultura, que é o grande motor econômico do nosso país”, disse a ministra.
Há cada vez mais iniciativas públicas e privadas para promover diversidade e equidade de gênero no agronegócio. ”Falar de mulheres no agro não é necessariamente a mesma coisa que falar de mulheres no campo. Com a sofisticação e profissionalização do setor, abriram-se mais áreas e oportunidades para vários tipos de profissionais, especialmente na carreira corporativa e na pesquisa”, conta Patrícia Watts, consultora de recrutamento da Michael Page e membro do Comitê Page Agro, grupo de especialistas do PageGroup voltado ao desenvolvimento de processos e atendimento de demandas de recrutamento e seleção para o setor de qualquer empresa com presença nacional.
"Aqui na Yara, cerca de 20% do quadro de funcionários do Brasil é composto por mulheres, sendo que 18% delas ocupam posições de gestão. A cada ano, estes índices aumentam. Para 2025, a previsão é que suba para 25% em toda a companhia”, conta Deise DallaNora, responsável pelas parcerias estratégicas na América Latina e parte do time global de Farming Solutions na recém-criada equipe de Gestão da Unidade de Ecossistema Alimentar Sustentável na Yara, multinacional européia com operação em mais de 60 países provendo soluções químicas, ambientais e de nutrição de plantas.
O aumento da presença das mulheres foi notado no último censo agropecuário realizado pelo IBGE em 2017, em que as profissionais declararam-se chefes de estabelecimento rural, principais gestoras ou co-gestoras ao lado de cônjuges. Tal aumento também foi apontado na pesquisa sobre ocupações no agro publicada em fevereiro deste ano pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da USP.
Conforme a pesquisa, enquanto o número de homens atuando no setor se manteve estável, o total de mulheres cresceu 2,02%, totalizando um adicional de 114 mil profissionais trabalhando nos diversos segmentos do agronegócio. A pesquisa confirmou também o aumento da qualificação da mão de obra, que já vinha sendo observada nos últimos anos como reflexo da modernização da produção e do surgimento de novas oportunidades que demandaram profissionais mais qualificados antes e depois da porteira.
Por muito tempo o agronegócio foi visto como um setor tradicional e familiar, porém isso tem mudado ao longo dos anos. Para se ter uma ideia, em 2006, 90% dos profissionais que atuavam na agricultura familiar tinham parentesco com o produtor, conforme censo agropecuário do IBGE. 10 anos depois, esse número reduziu para 73% (IBGE, 2017) e segue diminuindo. Temos acompanhado um forte movimento de governança corporativa e profissionalização das empresas familiares, abrindo oportunidades de contratação de profissionais do mercado em suas estruturas, processos e procedimentos corporativos.
O Brasil tem atraído a atenção de fundos de investimento e “essa entrada do mercado financeiro fez com que o perfil de quem é contratado tenha mudado, trazendo profissionais de outros setores. Por haver muito interesse de empresas de fora, cada vez mais é exigido o domínio de línguas, especialmente o inglês, para apresentações, relatórios e reporte para fora. Quando falamos de tecnologia é a mesma coisa, precisamos de pessoas aptas para atuar imediatamente”, explica Patricia Watts, da Michael Page. Por causa disso, há mais chances para profissionais com vários tipos de experiências e formações entrarem no setor.
“O agro está passando por um momento incrível de oportunidades e gostaria de ver essas posições sendo ocupadas por mulheres”, diz Deise DallaNora da Yara. Dentre as posições demandadas estão Finanças, RH, TI, Supply Chain, Marketing, Vendas, Compras e C-Level para processos sucessórios.
“Em posições estratégicas nem sempre é necessária a formação técnica. É preferível que a profissional tenha boa liderança, visão estratégica e aprenda rápido. A formação técnica, nesse caso, é diferencial”, explica Lilia Milde, Diretora de Efetividade Comercial no Brasil na canadense Nutrien Ag Solutions voltada a aplicação de fertilizantes, amostragem de solo, agricultura de precisão e análise de tecido foliar com operação na América do Norte, América do Sul e Austrália. Dentre as opções de carreira, Lilia Milde destaca:
“Olhando para o futuro, certamente surgirão novas carreiras, mas vai depender muito das habilidades da profissional, de seus objetivos de vida e carreira. Hoje em dia há cada vez mais programas de trainee e fast track com diversidade de gênero, levando mulheres a níveis gerenciais mais rapidamente. Quanto mais alta é a posição, maior é a concorrência. Por isso, a profissional precisa estar muito bem preparada. É importante fazer um planejamento de carreira considerando todos os momentos de vida, inclusive a maternidade dentro da carreira. Isso não é um impeditivo. Buscar empresas estruturadas ajuda nessa hora”, explica Lilia Milde da Nutrien Ag Solutions.
O compromisso com a diversidade estimula melhores práticas de negócios. “Já falei com pelo menos três diretores de RH, homens, que reforçaram a visão clara de trazer mais mulheres para dentro de suas empresas”, destacou Patricia Watts da Michael Page. Para que esses planos se concretizem, é necessário estruturar, aplicar e acompanhar medidas práticas em toda a cadeia.
Um bom ponto de partida são os Princípios de Empoderamento das Mulheres (WEPs), uma iniciativa da ONU desenvolvida em 2010 para empresas criarem ou adaptarem suas políticas para a promoção da equidade entre homens e mulheres no ambiente de trabalho, mercado, cadeia de valor e sociedade. São eles:
Desde dezembro do ano passado, a Yara Brasil aderiu aos WEPs somando às outras iniciativas. “Na Yara, acreditamos que mulheres empoderam mulheres e, por isso, temos o Programa de Empoderamento Feminino para desenvolver competências de liderança nas colaboradoras através do networking e da mentoria. Também criamos a comunidade de prática #porelas em que as profissionais são embaixadoras do tema em todas as unidades de produção, no campo, nos escritórios, áreas, segmentos e locais. O foco desse grupo é atuar na inclusão.
Não basta batalhar a diversidade e atrair talentos femininos se não proporcionarmos ambientes inclusivos dentro e fora da porteira… Tudo isso me deixa feliz e motivada porque a liderança da Yara é muito comprometida. O eles por elas funciona muito bem com todos os lideres, VP e presidente. Não é discurso, é prática”, conta Deise DallaNora, que também atua no Comitê 80 em 8 e no Comitê Agronegócio do Grupo Mulheres do Brasil para, respectivamente, aumentar a participação das mulheres nos altos cargos de direção, incluindo conselhos de administração, e buscar a igualdade de gênero no setor, o combate à violência contra a mulher rural e a educação com foco em formação tecnológica.
Para que haja cada vez mais presença de mulheres no agronegócio se faz necessária a equidade de oportunidades, da contratação à promoção, incentivo a talentos diversos, remunerações justas e transparentes, treinamentos sobre vieses inconscientes, grupos de apoio, além de outras políticas e medidas pertinentes à realidade da empresa em direção à diversidade e inclusão de gênero como as citadas neste artigo. Com isso, o agro se tornará ainda mais forte para enfrentar os desafios de hoje e do futuro da sociedade.